Durante a crise, o setor privado de saúde é um dos mais afetados. O acesso a planos de saúde depende diretamente do ritmo de geração de empregos formais, uma vez que a maior parte dos planos contratados atualmente são coletivos e empresariais. “Qualquer retração econômica afeta o acesso a serviços privados. A atividade empresarial no setor fica comprometida, os investimentos desaceleram e a possibilidade de expansão dos serviços fica restrita, especialmente se consideramos a grande carga tributária envolvida e ampliada neste momento de ajuste fiscal”, explica o especialista e professor do curso MBA em Gestão de Saúde da Unifacs Nelson Pestana.
Na marcha aré da crise, o segundo semestre de 2015 promete ser de expansão para o Grupo Meddi. Serão R$ 24 milhões investidos na inauguração de cinco unidades no interior da Bahia. Itaberaba, Serrinha, Luís Eduardo Magalhães e Simões Filho receberão novos empreendimentos. Também será instalado um centro multi-imagem em Petrolina, sendo este o primeiro projeto fora do estado. Os planos são ousados: com a expansão, o grupo pretende atender entre 70% e 80% da população baiana.
Mas, com o setor em crise, o que faz o Meddi crescer tanto? A estratégia utilizada pelos empresários foi se preparar para poder investir nos municípios do interior baiano quando a crise chegasse. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar mostram que na Bahia apenas 11,08% da população conta com planos de saúde e 63% dos planos existentes são concentrados na região metropolitana de Salvador. A alta concentração de serviços médico-hospitalares na capital gera uma distribuição desproporcional da oferta de serviços pelo território baiano.
“Esse projeto de ampliação começou há dois anos, quando nós fizemos pesquisa de mercado e uma análise interna para ver em qual dos nossos serviços poderíamos investir”, explica o diretor-executivo do Grupo Meddi Gileno Portugal. “Com os riscos dimensionados e baixo endividamento nos preparamos para enfrentar qualquer crise”, afirma Jose Antônio Barbosa, diretor-presidente do Grupo Meddi.
O secretário de Saúde do estado da Bahia, Fábio Villas-Boas, reconhece que há uma lacuna na assistência de saúde do interior da Bahia no que diz respeito à atenção intermediária, com a consulta de especialistas e realização de exames complementares. Gileno Portugal, concorda: “Existe um espaço para a iniciativa privada fazer o papel de descentralizar esse atendimento que o governo do estado deveria fazer. Vimos nisso uma oportunidade para atuar nas cidades do interior”
por: Thuanne Silva